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Pará é o 5º estado no ranking de empresas endividadas
21/07/2019 21:52 em Notícias

Economista aponta o clima de incerteza no país como responsável pela falta de investimentos e pela demora na retomada do crescimento

 

 

Um dos resultados da instabilidade econômica que o Brasil tem enfrentado nos últimos anos é a dificuldade para pagar dívidas. Uma pesquisa divulgada esta semana pelo Serasa Experian mostrou que a inadimplência de micro e pequenas empresas (MPEs) bateu novo recorde em maio, em comparação com abril, chegando a 5,4 milhões de empresas, a maior da série histórica iniciada em março de 2016. O Pará ficou em 5º lugar no ranking, com alta de 8,1%.

 

Entre os estados que tiveram maior alta no número de empresários inadimplentes estão Rio de Janeiro (11,8%), Amapá (11,6%), Mato Grosso (9,2%) e Rio Grande do Sul (8,2%). Apenas três estados apresentaram queda: Alagoas (-5,4%), Rio Grande do Norte (-4%) e Piauí (-3,2%).

 

Em relação ao mês de maio do ano passado, houve alta de 6,9% no número de empresas com dívidas em atraso, e de 0,5% no comparativo com abril, em todo o País. De acordo com a pesquisa, os setores que mais motivaram os índices elevados de inadimplência foram serviços (10,5%), indústria (2,4%) e comércio (2,2%).

 

Quanto aos índices totais de empresas inadimplentes - micro, pequena, média e grande -, houve alta de 0,7% em relação ao resultado verificado em abril. No comparativo anual, o crescimento foi de 4,5%, e as micro e pequenas empresas representam 95% do montante total.

 

Conforme explica o economista André Cutrim, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e do Amapá (Corecon), “o clima de incerteza, aliado à falta de investimentos no país, influenciou diretamente o baixo desempenho das atividades econômicas neste semestre, sobretudo porque a geração de empregos ficou muito aquém do desejado.

 

Além disso, a alta da inflação foi fator preponderante no aumento significativo do número de micro e pequenas empresas endividadas e inadimplentes no Pará”, diz. Na avaliação de Cutrim, um dos motivos para que tantos empresários estejam endividados são os juros altos para quem precisa tomar dinheiro emprestado, que gera um ‘ciclo vicioso’ de endividamento e inadimplência.

 

Recuperação da economia ainda é tímida

Para o Estado do Pará, a expectativa do economista André Cutrim e de outros profissionais da área é de melhoria econômica, com uma retomada tímida de crescimento. De acordo com ele, o atual momento da economia brasileira inspira cuidado, por conta da instabilidade e da incerteza, que afastam o investidor.

 

“É preciso entender que a decisão de investimento envolve uma complexa rede de ações. São parâmetros que exigem uma reavaliação em tempos de recuperação econômica. Mesmo assim, é possível perceber que os investimentos podem ser reajustados de acordo com as expectativas em relação ao futuro”.

 

O que falta no território paraense para que a inadimplência diminua, na opinião de Cutrim, é uma maior aproximação com o empresariado, com serviços de orientação prestados por órgãos especializados, além de grupos de pesquisa, dentro e fora de universidades, que debatem sobre educação financeira.

 

Para ele, a junção de esforços em torno de novos mecanismos de gestão financeira educacional pode delinear um caminho.

 

O contador Lamark Santos, especialista em Contabilidade Tributária, é empreendedor e proprietário de três empresas. Embora esteja inserido no mercado e atue na área, já passou por dificuldades financeiras em seus empreendimentos.

 

Segundo o contador, é preciso ter muita disciplina e conhecimento para manter as contas em dia, além de contratar profissionais experientes na área contábil. O maior problema dos empresários, na avaliação do especialista, é o controle do fluxo de caixa.

 

“Muitos empreendedores não são preparados para acompanhar esses números, e é preciso saber quanto dinheiro entra, quanto sai, quanto será gasto e quanto será investido. Tudo isso é controlado”, pontua.

 

Outro fator que contribui para a inadimplência, segundo Lamark, é que muitos empresários não separam a pessoa física da jurídica e acabam gastando uma receita que não devem. “Mesmo que a empresa tenha uma boa rentabilidade, não adianta se a pessoa física estiver descontrolada, gastando um dinheiro que deve ser investido. É nesse momento que a crise se instala”, comenta.

 

O contador também orienta que é necessário fazer um estudo aprofundado sobre o público alvo dos serviços oferecidos, pois isso gera mais rentabilidade. Por experiência própria, Lamark afirma que uma das grandes estratégias de um empresário que passa por dificuldades é entender a forma como é feita a cobrança pelos serviços e atendimentos.

 

“Já tive problemas com recebimento recorrente e precisei contratar uma empresa especialista em cobrança para solucionar. Isso porque uma empresa com experiência já sabe como, quando e quanto cobrar, e como negociar também”, orienta.

 

Na opinião do contador, “todo empresário deve ter uma cobrança profissionalizada, pois o cliente vai ser influenciado por isso na hora de efetuar pagamentos. Quanto mais facilidade, mais clientes vão pagar e mais receita vai entrar. Consequentemente, menos inadimplência”.

 

 

Fonte: ORM

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