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Marabá é a pior cidade do Brasil para as mulheres
21/05/2017 08:33 em Notícias

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou a cidade de Marabá, no sudeste paraense, como a pior de todo o Brasil para as mulheres. A pesquisa considerou os índices de longevidade, educação e renda. A notícia ampliou o debate das mulheres que lutam pelos seus direitos no município e em todo o Pará.

Membro do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Gilmara Neves diz que os dados revelam uma realidade que já vem sendo discutido há tempos pelo conselho e pelo Fórum Permanente de Mulheres, a começar pela representatividade feminina na Câmara Municipal de Marabá, onde apenas 3 das 21 cadeiras são ocupadas por mulheres. Todos os anos, no Dia Internacional da Mulher, elas realizam uma marcha para reivindicar justamente esses direitos. Analisando a situação econômica, Gilmara acredita que a cidade possui muitas mulheres trabalhando e desenvolvendo seus próprios negócios. Mas, quando se pensa em saúde, educação e lazer, Marabá não oferece condições para elas. “De forma geral, a cidade não nos oferece espaços dignos. A gente pode avaliar isso observando a própria composição do governo, que é praticamente toda masculina”, destaca. “E, por mais que falemos, não somos ouvidas”.

DIFICULDADES SÃO ENFRENTADAS NO DIA A DIA

Aos 35 anos, Lidiane Ramos é autônoma e mora na Folha 29, Bairro Nova Marabá. Grávida de 2 meses, ela conta que encontra dificuldades para iniciar o pré-natal, enfrentando enormes filas nos Centros de Saúde e falta de médicos. Seu maior desejo é dar condições melhores aos seus filhos. “A mulher tem de lutar, se virar e correr atrás, porque a cidade não nos dá condições.”, diz.

A universitária Vanessa Oliveira, 19, concorda com a pesquisa. Ela conta que, dos 13 alunos da sua turma, apenas 4 são mulheres. “Muitas meninas desistem e não conseguem terminar o curso. Essa é a nossa realidade”, afirma. Para a representante da comissão de mulheres da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção Marabá, Wilma Lemos, o estudo é alarmante e vergonhoso para o município. Há duas semanas, uma audiência pública foi realizada na Câmara Municipal, reivindicando os direitos da mulher “Precisamos que o poder público tenha um olhar mais preciso paras as mulheres. Somos a maioria e não estamos sendo valorizadas pelo que temos”, diz Wilma.

O ESTUDO

De acordo com o levantamento, realizado a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE de 2000 e de 2010, o mu nicípio de Marabá apresenta o menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) para mulheres, entre as 111 cidades brasileiras consideradas no estudo : 0,657.

 

(Jéssika Ribeiro/Diário do Pará)

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